Adolescentes do socioeducativo visitam Bienal do Livro
Capitu traiu ou não traiu Bentinho? O adolescente D.A.G., de 18 anos, que cumpre medida no Centro Socioeducativo Santa Terezinha (CSEST) vai, em breve, poder opinar sobre a polêmica questão que permeia o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. Ele adquiriu a obra literária na visita que fez à Bienal do Livro na última quinta-feira (20.05).
Além dele, cerca de outros 60 adolescentes que estudam na Escola Estadual Jovem Protagonista, instalada dentro das unidades do Santa Helena, Dom Bosco, São Jerônimo, Santa Terezinha, São Benedito, Santa Clara e Centro de Encaminhamento para Semiliberdade compareceram à feira em três dias distintos. Eles foram acompanhados de agentes socioeducativos e professores e ganharam um voucher no valor de R$4 para trocarem por algum dos livros ou revistas que estavam à venda.
D.A.G. conta que começou a gostar de ler quando estava no Centro de Internação Provisória Dom Bosco (Ceip/DB). “Até então eu só lia revistinha. Lá me deram um livro do ´Billy The Kid´ e eu gostei. Quando fui para o CSEST continuaram me emprestando bons livros e agora eu passo a maior parte do tempo lendo”, diz. O adolescente, que quer ser advogado, conta que lê dois ou três livros por semana e prefere os policiais.
Esse também é o gênero preferido do adolescente S.G., do Centro Socioeducativo Santa Helena (CSESH). “Gosto dos livros da Agatha Christie e das histórias do Sherlock Holmes”, conta. É a primeira vez que ele foi à Bienal e gostou. “Estou adorando. Vou comprar uns mangás, porque os livros são mais caros”, diz.
De acordo com a psicopedagoga da Diretoria de Formação e Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Valéria Cardoso Soares, os alunos que foram até a Bienal foram escolhidos conforme seu desempenho na escola e interesse pela leitura. Ela faz uma avaliação muito positiva dos três dias de visita. “Os adolescentes tiveram um comportamento exemplar e se mostraram completamente integrados ao espaço, com interesse em ver os livros e as revistas”, afirma.
De acordo com a diretora da Escola Estadual Jovem Protagonista, Sylvia Maria Mesquita, atualmente há cerca de 200 adolescentes que cumprem medida em sete centros socioeducativos e frequentam as aulas na escola. “Grande parte dos alunos chega com uma grande defasagem de escrita e alfabetização, pontos trabalhados de diferentes formas principalmente nas aulas de português”, afirma. A Bienal do Livro é apenas um dos vários projetos de incentivo à leitura. No Centro Socioeducativo Santa Helena (CSESH) há, por exemplo, o projeto Ler Para Crescer, por meio do qual a professora introduz algum livro em sala de aula e os alunos vão, em turnos, até a biblioteca para ter acesso à obra.
Um dos alunos do CSESH, que também estava na Bienal, disse que pretendia ver alguns livros, principalmente os de piada e poesia, mas além da leitura aponta outras coisas boas do passeio. “É uma excursão da escola, legal para a gente ver o ambiente e viver um pouco em sociedade”, diz. De fato, apesar de cada aluno ser acompanhado por um agente socioeducativo, é uma excursão como a de qualquer outra escola, com direito a lanche, oração para que tudo corra bem e cantoria comportada durante o trajeto.
Fonte:http://www.seds.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1110&Itemid=71
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